A subida e a volta
Tínhamos feito planos. Planos que não se cumpriram e culminaram numa volta completa ao perímetro da Serra da Estrela.
O plano era um fim-de-semana de trabalho - os primeiros trabalhos - limpeza de mato, preparar o espaço de acampamento, etc., no pedaço de terra que finalmente é nosso.
Uma carrinha (hiper)pesada e uma subida a pique numa estrada de terra batida muito mal-tratada pelas chuvas, fizeram com que só com a preciosa ajuda de uma 4X4 e uns senhores (anjinhos) que (por sorte) andavam por perto, conseguissemos retirar a carrinha de um grande buraco. Infelizmente não pudemos prosseguir viagem e ficar no nosso sitio.
Demos então meia volta e seguimos outro caminho, desanimados, mas decididos a aproveitar os dois dias fora de casa.
Esse outro caminho levou-nos à Barragem do Caldeirão - na zona da Guarda - onde paramos mais à frente para descansar.
Era cedo e não quisemos passar ali a noite por isso continuamos.
Quilómetros e quilómetros depois, passando as intermináveis curvas que levam de Manteigas ao alto da Serra, chegamos às Penhas Douradas onde decidimos passar a noite, protegidos pelos imponentes rochedos num "descampado" pintalgado de alojamentos turísticos... vazios.
Noite fria e calma, onde só o vento se fazia ouvir. Estávamos sós no alto da serra, e essa sensação não sei descrever, só sei que me encheu o peito com um misto de insegurança e deslumbramento.
Na verdade, o escuro da noite ocultou-nos toda a vida que nos rodeava. A manhã nasceu calma e preguiçosa. Muita pena tenho de não ter acordado a tempo de ver o nascer-do-sol que deve ser magnífico lá no alto!
Pequeno-almoço tomado e exploramos as redondezas.
Alguns quilómetros à frente encontramos o Vale do Rossim, onde pique-nicamos e passamos um resto de tarde muito agradável.
O regresso a casa fez-se com ameaça de chuva e trovoada... um sentimento de incerteza voltou a pesar no peito. Sei que a subida a pique na estrada de terra batida não será o único obstáculo no nosso caminho, mas sei também que nenhum deles será intransponível. Teremos de "dar a volta", tal como fizemos à serra.
Gostei muito do teu post Joana e conheço bem esta sensação que não se consegue descrever por palavras. Faz-me "lembrar" esse medo primordial que os primeiros homens deviam sentir, um medo que desperta os nossos instintos de sobrevivência o que afinal, é bom :)
ResponderEliminarAdoro estes sítios com pedras redondas, são muito femininos, cheios de força e sabedoria.
Obrigado pela partilha deste fim-de-semana.
Beijos
isabelle
Exactamente Isabelle! Tocaste no ponto. Foi mesmo isso que senti, embora não sabendo explicar, fez-me pensar (recordar) nos primórdios da Humanidade, e nos primeiros Homens que andaram sobre aquelas rochas e no que eles deveriam sentir...
ResponderEliminarAbraço Joana
Gostava de fazer um passeio assim!
ResponderEliminarAdorei este post e as imagens.
Bom fim de semana.
Que engraçado o mÊs passado fui à serra tratar de coisas, também pensávamos em limpar o nosso terreno, não conseguimos e fomos parar ao Rossim passando pelas Penhas Douradas :) Para nós foi mágico. Um grande beijinho**
ResponderEliminarBy Deva: Força Márcia! A Serra da Estrela é um tesouro a ser descoberto em outras épocas do ano, para além do Inverno! Tem sítios magníficos!
ResponderEliminarAna: Que giro! Coincidência mesmo!
Vocês vêm para a Serra em breve? Temos de nos encontrar, talvez combinar qualquer coisa com a Sofia (Nemus)!
Wow what beautiful scenery, so inspiring!
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